quarta-feira, 24 de julho de 2013

Violinista.

As nuvens cinzentas se fundiam com o horizonte. O cão revirava o lixo, o gato fazia deste um abrigo. A serragem típica de julho era um vapor gélido. Ruas vazias de gente, cheias de chuva. Ouvia-se apenas o correr dos carros e rios. Casas térmicas, famílias risonhas. O café era forte como almas e quente como sangue. Dividia-se o pão como se havia feito há milênios. Salvos pelo capital e condenados pelo mesmo. Ao menos alimentava o corpo. E a promessa de liberdade mantinha o espírito. Um gemido musical tomava o fundo da residência. Flores no jardim se maravilhavam com a melodia. O desespero consumia as notas. Era um grito de socorro, um choro de alegria. A filha mais nova manuseava o violino como se fosse artilharia. Bombas ilógicas, aplausos. A orquestra de uma só se encerrou dando lugar à vida.

Nenhum comentário :

Postar um comentário