sábado, 30 de novembro de 2013

Trupe.

Oferecemos ao público
nossas rimas triviais,
nosso brado de silêncio,
nossas emoções banais,
em troca de um único aplauso.
Agradecemos ao tempo
por nos mostrar que a paisagem
de um andejar sem destino,
paga qualquer viagem,
enfeita qualquer caminho.
E, enfim, pedimos aos céus
um bocado de tristeza,
porque se não formos um tanto tristes
nunca entenderemos a beleza
de uma vida realmente feliz.
Uma máscara.
Um holofote.
Um palco.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Mãe Terra.

A chuva era tão forte que mal se diferenciava os pingos d’água. Eram infinitas colunas cristalinas que cortavam a noite à mercê do vento. Uma neblina violenta descia junto às enxurradas chicoteando o que houvesse no caminho.
Medo.
A natureza em colapso com o espaço urbano era aterrorizante. Trovões urgiam para a civilização. Raios rasgavam as estrelas. O clarão impiedoso assustava até os arranha-céus. O asfalto se transformara em um rio negro de entulhos. Tudo padecia à sua força.
A fúria do planeta, como diriam erroneamente os jornais do dia seguinte, enfim destruíra a cidade. Porém a tal fúria não existia, era apenas saudade. A natureza sentia falta
de ser água,
de ser vento,
de ser fauna,
de ser fogo,
de ser terra,
de ser flora.
Saudade de ser a nossa mãe.

sábado, 2 de novembro de 2013

Silêncio.

Resolvi ficar na quietude.
Instantes apenas.
Minha voz atrofiou
no eco do vento.
Rouquidão.
Não existiam mais gritos
em meus poemas.
Silêncio não é coisa desse mundo.
Tudo se movimenta no vácuo,
mas no vácuo não tem som.
Um nada extraterrestre o seria.
Solidão.
Abracei meu travesseiro
e dissequei meus dilemas.
Problemas, problemas, problemas.
Como se cala a boca de dentro?
As minhocas são barulhentas.
Mente, minta para mim
e me dê repouso.
Conte-me uma mentira
que sussurre nos meus ouvidos...
Não,não diga!
Sem vozes.
Cem vozes na minha cabeça.
E pensar que eu só ansiava
um minuto sereno...
Ganhei uma serenata
sem querer ganhá-la.
Música barata.
Amor sem tempo.
Que coisa é essa de sentimento?
É balburdia, é alarido.
Barulho excessivo.
Porém, algazarra - não quero mais.