segunda-feira, 28 de abril de 2014

Café.

Eu.
Meu corpo na cadeira.
À frente, a mesa.
Sobre a mesa, a xícara.
O líquido no interior da xícara.
A escuridão do líquido.
O vapor da bebida negra.
As mãos.
Minhas mãos ao redor da xícara.
O calor da louça pálida.
O calor na pele.
A pele das mãos.
A pele dos lábios.
A boca na louça.
Quente.
O amargo na língua.
O doce na língua.
A mistura de gostos.
Os gostos na garganta.
A garganta aquecida.
O peito aquecido.
A satisfação do corpo.
O conforto da alma.
A alma na xícara.
A alma da bebida.
Nos dias corridos.
Nas noites compridas.
Sempre que necessário.
O grão lendário.
Moído, embalado.
No coador, na garrafa.
No ritual diário.
Sempre presente.
O café.

domingo, 13 de abril de 2014

Segundo.

Um segundo
é tanto tempo.
Gira e translada o mundo.
A roda gigante,
que é a vida,
enrola e vira.
O segundo
é redemoinho da rotina.
O ponteiro
sempre retorna
de onde veio.
Assim, se consagram
o tempo selvagem
e as horas felinas.
Tic, tac.
O universo mudou.

sábado, 5 de abril de 2014

Poetas.


Existem aqueles
pseudopoetas
que escrevem sem alma
e vendem falácias
sem emoções.
Já o poeta
que nasce poeta
conhece sua sina
de fazer rimas
por toda a vida.
Mas o poeta
que não é consciente
da sua poesia
poetiza simplesmente
por viver.