quinta-feira, 20 de março de 2014

Casa.

A casa estava vazia. Sem móveis, sem pessoas, sem sons. Apenas eu e o eco dos meus pensamentos. Quantos anos foram vividos naquele lugar! Quantas conversas as paredes tinham escutado, quantas cenas  os espelhos tinham visto... Os risos soltos na sala, as lágrimas pesadas no travesseiro. O cheiro de comida fresca na cozinha, o cão no quintal. Uma vida inteira fora construída ali. Minha vida, meus segredos. E naquele momento... Nada restava. Para onde eu sempre voltaria? Afinal, nosso lar é para isso, não é? Retornar... Esperava que cuidassem bem dela. Fui feliz ali querendo ou não, porém o mundo mudara e eu precisei me mudar junto com ele. Faria da paz minha casa dali em diante, não me limitaria chamar alvenaria de refúgio. Apegar-se ao material seria bobagem... Afinal, cômodos são apenas cômodos e lembranças apenas lembranças. Não se transformam na essência, unicamente envelhecem. E mesmo com o coração apertado em deixar tudo para trás por definitivo, não tive escolha e parti. Sem ombros pesados ou tristeza nos olhos. Somente com a saudade à flor da pele.

Um comentário :

  1. chorei.... choramos.... e fomos embora em busca dos sonhos, novos sonhos, nova vida!!! Te amo minha filha!!!

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