Como não amar as montanhas de Minas Gerais? São o que me dão
vontade de viver outro dia simplesmente por ter certeza de que o anterior
terminou. Veja bem, nas metrópoles brasileiras o sol nasce e morre ao meio do
concreto, mas nunca é noite. Sempre há luz para todos os lados. Um árvore de
Natal com os presentes dentro das lojas, restritos para quem pode tê-los. Aqui,
ao pé da Serra, o sol não é apenas um holofote qualquer. É uma fênix. Renasce dos
sonhos dos mineiros... Todo mundo pode ter a lua e seu esplendor. Aliás, já viu
o céu daqui durante a madrugada? É como se todas as pedras preciosas roubadas
da natureza há muito tempo quisessem voltar para casa tomando o lugar das
estrelas. Ah, se essa terra me pertencesse... Mas sou eu que pertenço à ela
como uma simples e assídua visitante. Nada como admirar os horizontes com olhos
de primeira viagem, não é mesmo? Aquele formigamento interno de querer saber o
que tem adiante da paleta infinita de cores sempre corre pela espinha. E se fosse
somente isso... Até a brisa parece ser mais fresca entre os vales. Gosto da
pureza do povo das montanhas, também. Tudo aqui me enche de tranquilidade e me
lembra paz. É por isso que sempre escrevo sobre essa paisagem ímpar. Peço
inspiração para os grandes mestres, Sabino e Drummond, e tento descrever a
indescritível visão panorâmica que tenho diariamente. Mesmo assim, nunca parece
bastante. Não há adjetivos ou substantivos o suficiente... Nem se eu inventasse
um dicionário de neologismos bastaria. A imaginação não alcança essa
grandiosidade. Nem mesmo o mar e sua imensa diversidade se equiparam à ela. Sei
que mais de mil homens tentaram pôr no papel e falharam da mesma forma ou de outras
mil maneiras diferentes. Mas num suspiro de satisfação plena, eu falho mais uma
vez esperando um novo dia renascer na linha do horizonte.
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