sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Paris.

A luz de toda a cidade
era apenas o reflexo da lua em seu olhar.
Poucos tinham a astúcia de contemplá-lo.
Piscavam, os olhos cintilantes, entre a melancolia e a felicidade.
Mas ao fundo, nas entranhas oculares,
se via o vazio e nada mais.
Era um buraco negro faminto
por qualquer traço de solidão semelhante.
Uma fera inquieta rindo de sua presa desesperada...
Seus dentes afloravam por puro instinto
num rosto tão simétrico e inofensivo
quanto eu fui um dia.
O corpo deslizava majestosamente em minha direção.
Aquela mulher era o tal anjo-demônio
que sussurrava, como se sussurra num cabaré, os seus desejos.
Toda noite ela valsava livremente com meu coração,
me hipnotizava cegamente com os seus quadris...
O perfume doce no ar, apenas me dava a certeza que eu a tinha.
E, como num sonho, eu pertencia a Paris.

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