Talvez sejamos um nada. Um nada que guarda tudo dentro de
si. Veja bem, um vaso – por mais vazio que esteja – sempre estará cheio de ar.
E no ar há uma infinidade de coisas. Talvez sejamos tão ineptos quanto éramos
há dois milênios. Afinal, hoje conhecemos a lua, porém não podemos explicar
como as pirâmides egípcias foram construídas. Montamos teorias e conspirações
em cima de suposições controladas. Por
conta dessa exatidão matemática em não explicar os por quês do universo, criamos
divindades para justificar nossa ignorância... E ainda batemos no peito com
orgulho por nos autodeclararmos evoluídos. Por que assim seríamos? Se um vírus
ou bactéria pode dizimar a população terrestre inteira em poucos anos, por que
somos nós os evoluídos? Da peste bubônica à AIDS, milhares de milhares de
pessoas se tornaram pó. E ainda se tornam, todos os dias, apenas pó. “Se já
somos pó, qual a diferença existente entre vivos e mortos? Os vivos são o pó
levantado pelo vento, os mortos são o pó caído.”, Pe. Antonio Vieira. E quem há
de discordar? Tudo, no final (se é que se existe um) se torna uma partícula
insignificante na história. Todas as coisas boas e ruins que fazemos são como
um grão de areia na praia. Ordinário, mas capaz de cegar alguém dependendo da
velocidade a qual é atirado contra a pupila. Incontáveis. Grãos de areia são
tão imensuráveis como gotas d’água oceânicas. Entretanto, o ser humano já
inventou um número que faz da areia e da água coisas grandes. Mas o que é
realmente grande perto da imensidão extraterrestre? Mistério. Aliás, somos o
mistério. Não nos conhecemos, quem dirá o resto do mundo... Talvez deveríamos
ser menos mesquinhos. Talvez se a ganância fosse substituída pela humildade
socrática, nós enxergaríamos alguma coisa. Somos seres inconscientes da própria
catatonia. Estímulos externos podem confundir os sentidos. Vivemos na caverna
de Platão. A solução? Ela não paira na abertura dos olhos ou dos ouvidos, mas
na libertação da mente.
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