domingo, 30 de junho de 2013

Ter nome é ser gente?

Raimundo estava exausto de ser rima e foi tentar ser solução, porém respostas lhe faltavam. A cabeça oca e ignorante transbordava questionamentos. Resolveu ir ao cartório e mudou seu nome para Brás Cubas. Não deu tão certo quando gostaria… Nem ele conseguia explicar a palidez fúnebre e o humor negro em seus discursos. Quando o batimento pareceu falhar, correu para o cartório novamente – não poderia transmitir a nenhuma criatura o legado de sua miséria.
Bento seria; Bentinho para os mais próximos. Já Capitu o fitava, com seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada, como se ele fosse presa. O homem limitou sua vida ao amor desenfreado e conheceu a desconfiança. Traído pela própria razão de existência, tentou ser gente pela última vez. De nada adiantou, pois José fez rimas e criou Raimundo, zombou dos outros como Brás e, por fim, ficou sem mulher igualmente Bentinho. E agora, José? Qual nome?

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