Os adjetivos mudavam. As árvores se despiam mais uma vez.
Centenas de guardanapos viravam poesia. Copos eram jogados goela abaixo em
busca de redenção. Acordes lúdicos dedilhados nos corpos esculturais das
mulheres personificavam os desejos de uma marcha. Dançava-se tango nas
quitinetes paulistanas, mas em qualquer frequência se esbanjava a inocência da
jovem guarda. Vivia-se na incerteza dos preços, debaixo dos panos de iê-iê-iê.
A poluição se misturava com as chaminés de tabaco avermelhando os crepúsculos
diários. Eram tempos difíceis, hoje são de saudade. Trabalhávamos num cubículo,
agora o somos. Robotizaram o mundo, nos despejaram da nossa própria realidade.
O limbo social da nostalgia já é a nossa casa.
Nenhum comentário :
Postar um comentário